segunda-feira, 21 de julho de 2014

SONETO

Vendo-a passar assim, tão meiga e pura,
Cheia de graça, tímida e singela,
Cuidai que essa criança doce e bela
É a candidez tornada criatura?

Andais assim tão recatado ao vê-la
Que esses olhos de esplêndida negrura
Macios como asas de gazela,
Nunca arderam de amor e de ventura.

No entanto, vendo às tardes, essa diva,
Vendo essa deusa triste e pensativa,
Brincar com os seus cabelos anelados,

Sabeis o que faz essa criatura linda?
Revolve as cinzas, tépidas ainda,
De um rosário de ardente namorados.

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