domingo, 1 de setembro de 2024

Paulo Setúbal: poeta parnasiano dá nome à rua da cidade

Formado advogado, escritor nascido em Tatuí foi um dos mais lidos do país nos anos 20 e 30

Por Bruno Marques


01/09/2024 |  Pela lei nº 20 de 21 de junho de 1965, a via que liga a Avenida Invernada, no bairro Santa Cruz, até a Rua Lázara da Cruz Barbosa, no Bairro Castelo, recebeu o nome de Rua Paulo Setúbal.

Nascido na cidade de Tatuí, em 1º de janeiro de 1893, ficou órfão de pai aos 4 anos. Por indicação de um professor que acreditou em sua capacidade intelectual, foi levado para estudar na capital paulista.

Formou-se em direito, mas ficou conhecido por seus trabalhos como jornalista e principalmente como escritor e poeta parnasiano. Também foi deputado estadual por um breve período, entre 1928 e 1930.

Autor de contos, crônicas e poemas, destacou-se com o romance A Marquesa de Santos (1925) e O Ouro de Cuiabá (1933), se tornando um dos escritores mais lidos da país na época. Por seus temas, foi chamado de “poeta regional”.

Foi eleito em 6 de dezembro de 1934 para a Academia Brasileira de Letras na cadeira 31. Morreu três anos depois, aos 44 anos, devido à tuberculose, da qual sofreu por muito tempo.

(Do jornal Terceira Visão, de Valinhos SP)

terça-feira, 29 de agosto de 2023

Memorial de Cleonice Berardinelli guarda relíquia de Paulo Setúbal


Cleonice Berardinelli (Foto: Guilherme Gonçalves / ABL / Divulgação


29/08/2023 | O Real Gabinete Português de Leitura, no Centro, inaugurou nesta segunda (28) o Memorial Cleonice Berardinelli, em homenagem à imortal da ABL e especialista em literatura portuguesa, no dia em que se comemoraram os 107 anos de seu nascimento. 

Morta em janeiro deste ano, Cleonice Berardinelli (1916-2023), que frequentou o local constantemente entre 1947 e 2014, deixou parte do seu acervo para a instituição. São elementos biográficos (como fotos, cartas e objetos pessoais) e profissionais (como estudos, livros e prêmios), agora abrigados na Galeria dos Estuques, no segundo andar de um prédio anexo. 

Entre as relíquias, está o programa de um espetáculo de Paulo Setúbal, encenado no Teatro Municipal de São Paulo em 1926, em celebração ao centenário da imperatriz Lepoldina. A futura professora e pesquisadora, então com 10 anos, interpretou D. Maria da Glória, filha da monarca, e aparece numa foto em preto e branco. 

quarta-feira, 14 de junho de 2023

100 anos de Ursulino Leão: jurista, político e poeta

A inicialmente mencionada linha tênue, se é que podemos chamá-la assim, se deve ao fato de que tanto Ursulino Leão, quanto Paulo Setúbal, ao que se diz, conseguiram prever a própria morte.

Por Thiago Aguiar de Pádua, no Migalhas

13/06/2023 | Uma tênue linha imaginária de eventos liga a imortalidade ao escritor Ursulino Tavares Leão, poeta que ocupou a Cadeira XXIII da Academia Brasiliense de Letras - ABrL, a Cadeira XX da Academia Goiana de Letras, a Cadeira XXVIII da Academia Goiana de Letras Jurídicas, e que também foi o grande artífice criador e membro da Academia Crixaense de Letras.

Ursulino faleceu em 2018 e, se vivo estivesse, completaria 100 em 2023, embora alguns registros mencionem data distinta.

Foi advogado, Procurador do Estado de Goiás, e político, tendo sido ocasionalmente governador daquela unidade da federação, mas foi, antes de tudo, escritor e amigo das letras, alguém que publicou muitos e variados livros.

Seu último opúsculo, publicado após seu falecimento, traduz muito de seu espírito. Intitulado "Confiteor", a obra professa e consagra seu conservadorismo político e sua fidelidade católica, desde os preceitos reitores de seu humanismo.

Curiosamente, de fato, o mesmo título ("Confiteor") foi lançado por Paulo Setubal (1893-1937), igualmente em livro póstumo levado à cabo poucos meses após seu falecimento. Escritor e jurista, foi o terceiro ocupante da Cadeira XXXI da Academia Brasileira de Letras, cujo patrono foi Pedro Luis (1839-1884), aquele que teve a honra de ser chefe de Machado de Assis quando ocupou o cargo de ministro dos Negócios Estrangeiros, acumulando a pasta dos Negócios da Agricultura.

A inicialmente mencionada linha tênue, se é que podemos chamá-la assim, se deve ao fato de que tanto Ursulino Leão, quanto Paulo Setúbal, ao que se diz, conseguiram prever a própria morte, e assim conseguiram envidar esforços para lançar obras póstumas com o teor similar de suas "confissões".

Seguramente podem estar ocupando o mesmo canto do paraíso das letras jurídicas, se invocarmos aqui a imagem cunhada por Rudolf von Jhering em "Im juristichen Begriffshimmel: Ein Phantastiebild" (in: Scherz Und Ernst In Der Jurisprudenz, 1884), e podem estar, inclusive, colhendo (e provocando) outras confissões, nos diversos sentidos etimológicos e teológicos que ambos invocaram em suas obras póstumas. Aqui, a licença poética para a urdidura dos fios da suposta linha imaginária.

No entanto, não obstante o pretexto desta breve homenagem por ocasião do centenário de Ursulino Tavares Leão, fica mais que sugerido às novas gerações o conselho para que garimpem suas obras, escrutinem seus textos e mergulhem em suas conexões poéticas. Falo de sentimento próprio, por ser seu sucessor na cadeira XXIII da ABrL, e sobre quem pude conhecer minimamente ao pronunciar discurso de posse relembrando parte de sua obra.

Além disso, claro, queda incontornável a (inescapável) sugestão para que as instituições a que pertenceu Ursulino possam realizar variados eventos em sua homenagem, quebrando a calmaria da eternidade, tornando estridente o som do silêncio!

Thiago Aguiar de Pádua
Doutor em direito. Professor da Faculdade de Direito da UnB. Ex-assessor de ministro do STF. Autor do livro "O Common Law Tropical: o caso Marbury"(2023). Sócio de Aguiar de Pádua & Lima Advogados.

(Do Migalhas: https://www.migalhas.com.br/depeso/388112/100-anos-de-ursulino-leao-jurista-politico-e-poeta

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023

PEDRO I: 11 LIVROS PARA QUEM DESEJA CONHECER SUA HISTÓRIA

Confira livros sobre D. Pedro I para garantir na estante

Do site Aventuras na História, publicado em 07/02/2023

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Se você se interessa pelo período Imperial da história do Brasil, está no lugar certo! Selecionamos 11 obras sobre o tema e sobre a vida de D. Pedro I para você conferir e garantir na estante.

Olha só:

1. D. Pedro: a história não contada, de Paulo Rezzutti: https://amzn.to/3Xana7n

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2. D. Pedro: imperador do Brasil e rei de Portugal, de Eugénio dos Santos: https://amzn.to/3x5Lmgx

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3. D. Pedro I: entre o Voluntarismo e o Constitucionalismo: https://amzn.to/3lhFBK6

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4. Titília e o Demonão: a história não contada, de Paulo Rezzutti: https://amzn.to/3RIfMin

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5. Às margens do Ipiranga, de Rodrigo Trespach: https://amzn.to/3YbDRkn

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6. Histórias não (ou mal) contadas: revoltas, golpes e revoluções no Brasil, de Rodrigo Trespach: https://amzn.to/40C3Wue

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7. As maluquices do imperador: 1808 - 1834, de Paulo Setúbal: https://amzn.to/40Fv37E

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8. D. Pedro I, de Isabel Lustosa: https://amzn.to/3llOWR2

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9. 1824, de Rodrigo Trespach: https://amzn.to/3Yc1Rn7

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10. Pedro I: compositor inesperado, de Ricardo Cravo Albin: https://amzn.to/3YwoRgr

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11. O coração do rei, de Iza Salles: https://amzn.to/40x6mul

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segunda-feira, 15 de agosto de 2022

Sobre "As Maluquices do Imperador"

O coração do nosso pai

Por Danilo Sili Borges (*), na Jornal Tribuna (**)

14 de agosto de 2022



O Dia dos Pais é uma das datas mais festejadas do ano, só perdendo para o Natal e para o Dia das Mães.

Neste ano, em que a 7 de Setembro comemoraremos o bicentenário da Independência, cabe refletir sobre o nosso Pai, D. Pedro I, a figura histórica que formalmente concebeu o desligamento político do Brasil da metrópole portuguesa, cujo vínculo naquela altura durava 322 anos, ao proclamar e assinar o ato em que comunicava à corte portuguesa e ao mundo o desfazimento do vínculo da dependência que nos unia. Era um ato de coragem política e pessoal, que teria, como teve, consequências, mas já aguardado.

Do meu ponto de vista, não vejo, entre nós, ser dado a Pedro de Alcântara os créditos pelo seu ato, que o fez pôr em risco seu direito à coroa do milenar reino de Portugal e Algarve, como realmente ocorreu – que talvez não pretendesse para si, mas que a sucessão se desse por seus filhos – , tendo que obrigá-lo, em 1831, a retornar à Europa, promover uma guerra contra seu irmão Miguel, vencê-la, ocupar o trono com o título de Pedro IV, abdicar em favor de sua filha mais velha Maria da Glória, que governou aquele país por 19 anos, com o título de Maria II.

Feito esse preambulo, voltemos ao coração do Pai. Debilitado pelas guerras – o nosso e deles – Pedro, faleceu em 1834, aos 35 anos, no Palácio de Queluz, onde havia nascido. Por seu desejo expresso, seu coração foi levado e mantido na cidade do Porto. E é com fulcro nessa relíquia histórica que se desenvolve o restante dessa crônica.

Na minha juventude, os estudos de História eram feitos sobre vultos que pareciam não terem vidas reais, apenas existirem nos livros e darem as caras em datas a serem memorizadas para as provas de final de ano. Na adolescência, um amigo de escola emprestou-me um livro sobre a vida do nosso Imperador, que me fez cair em mim, e entender que as pessoas, mesmo as mais altas da hierarquia, são humanas, com suas fraquezas, necessidades e idiossincrasias. “Maluquices do Imperador”, de Paulo Setúbal, me apresentou ao jovem príncipe que escandalizou o Rio de Janeiro no início do século XIX, onde se abrigava com a família que fugira de Napoleão.

Nos prolegômenos da independência, quando a corte portuguesa exigia o retorno do príncipe rebelde, sua esposa Leopoldina de Habsburgo e José Bonifácio de Andrada e Silva, que entrou para a História com o justo título de Patriarca da Independência, ambos com vivências em culturas desenvolvidas, prestaram ao jovem príncipe, então com 24 anos, o suporte psicológico e estratégico para os seus atos.

A consolidação da independência e a integridade territorial do Brasil devem muito à coragem e às decisões de Dom Pedro I. Se naqueles primeiros meses de 1822, ele tivesse retornado à sua terra natal, onde era o herdeiro do trono, com grande probabilidade o território da América Portuguesa se teria desmembrado, tal como ocorreu com a América Espanhola. Devemos, além do Grito do Ipiranga, os nossos 8,5 milhões de quilômetros quadrados a Pedro I do Brasil, IV de Portugal.

Entendo que Pedro de Alcântara nunca teve entre nós os créditos que lhe são devidos. É pouco termos seus restos mortais repousando no Monumento à Independência a partir de 1972. Proponho, aqui e agora, que lhe seja conferido, oficialmente o título de Pai da Pátria, pela formalização da Independência e pelas ações corajosas que propiciaram nossa integridade territorial.

Por ter restabelecido a linha sucessória liberal em Portugal, lá é herói, tendo monumento na Praça do Rossio, na Baixa de Lisboa, que oficialmente é Praça Dom Pedro IV.

Para a organização dos festejos dos 200 anos da Independência, o governo brasileiro solicitou a Portugal que concedesse, por empréstimo, o coração de Dom Pedro para que estivesse presente em atos solenes das efemérides.

O pedido foi para que a relíquia histórica ficasse por aqui por 4 meses. O coração, conservado há quase dois séculos, está aos cuidados da Irmandade de Nossa Senhora da Lapa e da municipalidade da cidade do Porto, que, com resistência, fizeram a concessão por prazo menor.

Avião da FA brasileira o trará em 22 de agosto, devendo permanecer entre nós até 8 de setembro. Excesso de zelo? Medo de que um coração que a maior parte da vida bateu por aqui não queira voltar?

Não quero pensar com a cabeça dos cuidadosos guardiões do coração de Pedro, mas talvez eles nos vejam como um Zé Carioca, aquele velho personagem do Walt Disney, simpático, engraçado, mas ……

Como cuidamos do nosso acervo cultural, só para lembrar:

Incêndio do Museu Nacional (2/9/2018, perda incomensurável):

Incêndio do MAM, Museu de Arte Moderna RJ (8/7/1978 – perda de obras de Salvador Dali, Joan Miró, Picasso, Henri Matisse, Rene Magritte, Portinari e Di Cavalcanti)

Roubo e destruição da Taça Jules Rimet, comemorativa do tricampeonato de futebol (20/12/1983).

Incêndio do Museu da Língua Portuguesa (21/2/2015 SP)

Tentativa de venda do Palácio Gustavo Capanema RJ (recente – arquitetura modernismo)

Que por aqui se cuide bem do coração do Pai da Pátria, Herói da Nação Luso-Brasileira.

E que o devolvamos íntegro, como aqui há de chegar!

Crônicas da Madrugada.

(*) Autor: Danilo Sili Borges, membro da Academia Rotária de Letras do DF. ABROL BRASÍLIA. Brasília – Ago.2022. 
danilosiliborges@gmail.com

(**)  Para ler a crônica em sua publicação original, clique no link abaixo.

domingo, 14 de agosto de 2022

Obra "Fatos e Fitas" traz crônicas sobre o Largo de São Francisco

Lançamento

Autoria é do advogado criminalista Antonio Cláudio Mariz de Oliveira.

Do site Migalhas

12/08/2022 -  Acaba de sair do prelo a obra "Fatos e Fitas - crônicas sobre o Largo de São Francisco" (Editora Migalhas), do advogado criminalista Antonio Cláudio Mariz de Oliveira. O trabalho é dedicado a seu pai, o desembargador e processualista Waldemar Mariz de Oliveira Júnior, "eterno acadêmico da São Francisco".

As crônicas, segundo o próprio autor, são desprovidas de rigor histórico e cronológico, mas foram "escritas com o espírito e com a alma desejosos de reverenciar a Faculdade de Direito do Largo de São Francisco."

Em entrevista exclusiva ao Migalhas, o criminalista falou da importância do Direito em sua vida e contou detalhes do famoso episódio em que foi barrado na Faculdade pela letra ilegível.

Imagem: Divulgação | Antonio Cláudio Mariz de Oliveira

Por conta da sua letra, considerada ilegível, o senhor foi barrado na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco. Conte-nos um pouco mais sobre isso.

Nasci com letra ruim, vivi com ela pior e hoje não tenho mais esperança de que melhore. Foi por causa dessa letra que não consegui passar no vestibular do Largo São Francisco. Soube que estava estampado um carimbo de ilegível na redação de português porque o professor Fued Temer, um querido amigo de meu pai e meu, tomou a iniciativa de ver a minha prova, assim que soube da minha reprovação. Examinou-a e verificou essa anotação. Prestei vestibular também na Católica onde os examinadores foram mais complacentes ou eu melhorei milagrosamente minha letra. O teste da minha grafia foi apenas em uma prova, a de português, porque os demais exames foram orais. Ainda bem. Soube anos depois que pela mesma razão o ministro Sidnei Beneti fora também reprovado num primeiro exame que prestou no Largo São Francisco. Senti-me em ótima companhia. Serviu-me de consolo.

Quais são os laços que ligam o senhor ao Largo de São Francisco?

São laços que surgiram no meu berço de nascimento, quando vim ao mundo, porque meu pai estudava no terceiro ano da Faculdade quando nasci. Como morava com meus avós na rua do Riachuelo, atrás da Faculdade, por várias vezes ele levou-me ao centro acadêmico Onze de Agosto, ali localizado. Sempre ouvi histórias dos tempos de estudante contadas por meu pai. Acompanhei encontros que ele tinha com seus colegas de turma e em razão desses contatos, dessas histórias, impregnei-me do espírito acadêmico das Arcadas. Não obstante sempre ter desejado cursar a Faculdade, a Católica (PUC), onde me formei, representou um marco em minha vida, pois lá tive intensa vida acadêmica, fiz política, exerci a boemia, constituí sólidas amizades, fui brindado com professores excepcionais e conheci minha mulher, Angela, que foi minha colega de turma.

Narre um FATO e uma FITA do Largo de São Francisco.

Eu escrevi um livro com a denominação de "Fatos e Fitas", editado por Migalhas, narrando, de um lado fatos extraídos da realidade e de outro fitas frutos da imaginação, da ficção, do que não aconteceu, mas poderia ter acontecido. Esses fatos e fitas do livro pararam no final do século 19. Vou narrar fatos, e não fitas, que ocorreram durante a ditadura de Getúlio Vargas, quando os estudantes se empenharam com grande ardor na luta para o retorno da democracia. E o fato que cito diz respeito à prisão de meu pai no dia em que a Faculdade foi invadida, em 1943, quando ele e um colega foram presos descendo a rua do Riachuelo. Cada um deles foi agredido por cacetetes jogados dentro de um carro. Talvez como consequência da pancada, ou por nervosismo, o colega de meu pai começou a rir, dar gargalhadas, e papai entrou em pânico, pois no banco da frente havia um policial empunhando uma metralhadora, apontada para ambos. Embora papai mandasse o colega ficar quieto, os risos aumentavam de intensidade, o que gerava um maior pânico. Mercê da sorte e da proteção divina o policial passou a rir junto e o episódio, felizmente, não trouxe outras consequências a não ser uma detenção por alguns dias.

O Direito sempre esteve presente em sua vida. Como o senhor enxerga a evolução da advocacia no país?

Ao invés de utilizar a expressão evolução eu utilizaria mudanças operadas na advocacia. A primeira delas diz respeito ao avanço da tecnologia, tornando o advogado seu refém. Eu confesso que se não tivesse os meus companheiros de escritório provavelmente não estaria advogando hoje. O meu tempo é o do cartório, do juiz atendendo os advogados, oficial de justiça indo fazer citações, o manuseio dos processos, as conversas de corredores... Hoje esses aspectos tão presentes na minha vida sofreram sensível diminuição. A principal diferença por mim sentida e com certeza por advogados das gerações anteriores é a ausência do contato pessoal com os colegas e com demais personagens da família jurídica. Na advocacia criminal a mudança mais notável no meu entender foi operada com a criminalização dos delitos do colarinho branco. A classe economicamente privilegiada passou a se sentar nos bancos dos réus. Isso proporcionou a uma minoria de advogados honorários de maior vulto. Esse fato afastou tais advogados das raízes da advocacia criminal. A raiz é a cadeia. Os advogados que se dedicaram a defesa das classes mais abastadas, com as exceções que são devidas, deixaram de ter o que eu chamo de "cheiro de cadeia". Na minha opinião, a grande missão do advogado criminal é se tornar a vez e a voz daquele que não as tem. E quem não tem voz ou vez, e nunca as teve, são os que estão na cadeia, em sua maioria oriundos das classes menos favorecidas. São homens e mulheres que jamais tiveram consciência de sua cidadania, nunca souberam que são detentores de direitos e de garantias. E, é exatamente o advogado quando há uma acusação criminal que lhes põe em contacto com esses direitos, até então desconhecidos por si. Portanto, a advocacia criminal encontra a sua razão primordial nos cárceres, onde é cumprida essa missão e empresta à profissão nobreza e dignidade. Reitero uma confissão. Foi na cadeia que conheci a alma brasileira e foi na cadeia que eu me humanizei.

Liste seus 5 livros favoritos.

  1. Todos os livros de Francisco Marins
  2. Alma Cabocla, de Paulo Setúbal
  3. Os meninos da rua Paulo, de Ferenc Molnár
  4. Coração, de Edmondo de Amicis
  5. A montanha Mágica, de Thomas Mann

Para finalizar, uma frase que é o seu lema.

Ser a voz e a vez dos que não têm vez nem voz, como advogado; ser solidário, como cidadão; ouvir a intuição, como norte de vida.

Você pode ver este artigo em sua publicação original através do link abaixo;

segunda-feira, 30 de maio de 2022

O Quinto dos Infernos ganha nova reprise na TV

Para escrever O Quinto dos Infernos, Carlos Lombardi se baseou em livros que abordam de maneira inovadora o período do Primeiro Reinado, como “As Maluquices do Imperador”, de Paulo Setúbal.

By Redação O Canal

Minissérie O Quinto dos Infernos no canal Viva (Créditos: Divulgação/TV Globo)

27/05/2022 - A família real portuguesa está de volta ao canal Viva no dia 30 de maio, a partir das 19h30, em O Quinto dos Infernos.

Escrita por Carlos Lombardi e dirigida por Wolf Maya, a trama retrata de uma maneira bem-humorada os bastidores políticos do país da Independência do Brasil.

Com Marcos Pasquim no papel de Dom Pedro I, Betty Lago como Carlota Joaquina e André Mattos como Dom João VI, O Quinto dos Infernos começa em 1785 com a chegada de Carlota Joaquina em Portugal e passa por diversos momentos históricos como a chegada da família real no país, o início do Império no Brasil e a guerra civil em Portugal entre os irmãos Pedro e Miguel (Caco Ciocler).

Exibida originalmente em 2002 na TV Globo, a minissérie teve locações em Paraty, no Rio de Janeiro, e em Bento Gonçalves, Rio Grande do Sul. A cenografia foi inspirada em obras do inglês Thomas Ender e dos franceses Debret e Rugendas, com uma extensa pesquisa nos arquivos do Museu Histórico Nacional.

Para escrever O Quinto dos Infernos, Carlos Lombardi se baseou em livros que abordam de maneira inovadora o período do Primeiro Reinado, como “O Chalaça”, de José Roberto Torero; “A Imperatriz no Fim do Mundo”, de Ivani Calado; e “As Maluquices do Imperador”, de Paulo Setúbal.